23 agosto 2006

Alfredo Saramago


Realço o editorial de Alfredo Saramago na Revista Gula. Eis um extracto:
"Gente como eu vive tempos difíceis. Disse uma vez, e volto a repetir, que, porque gosto de tauromaquia, de caça, de charutos, de bons vinhos, de boa comida e ainda por cima sou gordo, o que já não se usa, lançaram-me para um território onde são colocados os socialmente incorrectos. Claro que também gosto de literatura, de fotografia, de arquitectura, de poesia, faço mais quilómetros para ver exposições de pintura e ouvir concertos do que para ver touradas, mas isso não interessa.
O conceito que veio do politicamente correcto tomou conta de quase todas as manifestações do homem, dividindo-os, através de uma vulgata dualista e bacoca, entre homens correctos e incorrectos."

Barrancos - A Tradição Continua !!

21 agosto 2006

100 ANOS

Parabéns ao maior Clube do Mundo!!

14 agosto 2006

Serra d'Ossa












Foto: Lusa

O Alentejo está mais pobre!

Ardeu quase por completo a Serra d'ossa; zona de rara beleza apesar da praga de eucaliptos que lhe cravaram tempos atrás. Rica em fauna e flora , zona de paz, e por isso foi escolhida pelos monges Beneditinos que em 1182 ergueram entre Estremoz e Redondo o Convento de São Paulo (Hoje hotel de luxo) acolheu durante séculos figuras célebres como D Sebastião, D João IV, D Catarina de Bragança, que em 1661 casou com Carlos de Inglaterra.
Como Convento Palaciano detém importante colecção de azulejaria , mais de 54 000; frescos, baixos relevos em terracota, e outras preciosidades como a fonte florentina das quatro estações e a igreja velha que justificou a sua classificação de interesse público e monumento nacional.
Agora depois do fogo, passear por aquela zona dá-nos tristeza amargura e revolta e sentimos que o Alentejo ficou sem um dos seus pulmões, que sábe-se até nem fumava.

12 agosto 2006

Poejo

"Planta dicotiledónea, herbácea, aromática, da família das Labiadas, frequente nos lugares húmidos de Portugal (?Alentejo).Aromática com um lugar insubstituível na culinária alentejana, principalmente, nos cozinhados em que a substância é bicheza de espinha. O seu préstimo passa igualmente pelo perfumoso licor de poejo. Digestivo regional elevado, nos tempos que correm, a bebida mirífica da nossa cultura gastronómica. Bem haja a elevação...."

03 agosto 2006

02 agosto 2006

Festas de Santo António - Terrugem

Com a aproximação do mês de Agosto, era sempre grande a azáfama na aldeia:
As mulheres caivam de branco as casas e os muros dos quintais; as costureiras ( A Maria Fitas, a Balbina, a Maria Manecas e outras) não davam maõs a medir para acabarem, nos dias aprazados, os vestidos para a festa que se aproximava;
Os alfaiates de Borba, de Vila Viçosa, e de Elvas viam-se gregos para aprontarem os fatos que o Escada (vendedor ambulante de fazendas de lã) havia vendido nos últimos meses.
Os festeiros andavam numa roda viva para terem, a tempo e horas, os bois para as touradas, a banda para a animação das festas e, sobretudo, o dinheiro para o pagamento das despesas de organização.
Durante anos e anos, o festeiro foi quase sempre o Zé Bajanca, sapateiro de profissão, que não era muito dado ao trabalho e que conseguia, com os lucros resultantes da realização das festas, alguns cobres que lhe permitiam suportar as despesas domésticas ao longo dos restantes onze meses do ano.
Mas o festeiro era ajudado por muita gente:
As raparigas e os rapazes que enrolavam os bilhetes para a quermesse e depois os vendiam na noite de arraial;
As mulheres que faziam as bandeiras de papel para ornamentação do adro e de algumas ruas;
O Zé do Músico que, invarialvelmente, preparava o adro da igreja com o coreto, a quermesse, as tômbolas e as bandeiras;
A população mais abastada que contribuia com as fogaças que os próprios arrematavam nas noites de arraial;
Os lavradores e seareiros que contribuiam com as suas esmolas em alqueires de trigo;
Os proprietários que emprestavam os carros de parelha e as zorras para se fazer o redondel onde decorriam as touradas;
Os rapazes que , quase sempre com o Mestre Mário à frente, se encarregavam da venda dos bilhetes para o dito espectáculo taurino e depois controlavam as entradas;
O povo anónimo que deitava na "bacia" as esmolas para o Santo António, verba que revertia para o festeiro e não para a igreja, como era de supor;
E, finalmente o abastado lavrador que emprestava os bois para a tourada à vara larga.
A festa começava no Sábado com a chegada da banda de música que vinha quase sempre de Elvas, de Veiros, do Vimieiro ou da vizinha colónia de Vila Fernando.
No Domingo e na Segunda-feira tinham lugar as cerimónias religiosas _ Missa Solene e Procissão em honra de Santo António - touradas e arraiais com fogo preso e de ar.
Mais modernamente, começaram a realizar-se os bailes em recintos fechados, a par de concertos musicais que ficaram apenas para os mais velhos e para os menos endinheirados.
Um dos pontos altos da festa tinha lugar imediatamente a seguir à tourada de segunda-feira - era o apregoar do pendão.
Acompanhado pela banda e por alguns dos seus colaboradores, o festeiro, do úlimo degrau da escadaria do adro da igreja, fazia , perate a população, o balanço dos festejos, agradecia a colaboração e perguntava: Quem quer pegar no pendão de Santo António para fazer a festa para o ano que vem, com mais aumento se puder?
Normalmente não havia candidatos e o amigo Zé Bajanca lá fazia o sacrifício de assegurar a festa por mais um ano.
Organizava-se então uma procissão com o pendão, empunhado pelos novos festeiros, até á residência de um deles, onde era oferecido um beberete.
O dito pendão ficava ali guardado até ao inicio das novas festas.
Outro momento alto era a tourada à vara larga.
Quando o gado era manso, a populaça exclamava em grande algazarra:
Venha o dono que também se agarra!
Mas se pelo contrário, o lavrador emprestava touros realmente bravos, havia feridos por tudo quanto era sitio, nem o ratadas de Vila Boim era capaz de os agarrar e todos refilavam que a corrida não prestara.... "porque não tnha havisto pega nenhuma"
No rescaldo dos festejos havia sempre uma almoçarada para o festeiro e colaboradores mais chagados e, quase invariavelmente, surgia o lamento de que o dinheiro nem sequer dera para as despesas....
Hoje em dia é diferente: há comissões de festas, na dependência da autarquia ou paróquia, e os lucros, bastante apreciáveis, revertem a favor da igreja ou de obras de beneficência.
Mas o progresso nem sempre é sinónimo de eficácia
Lembro-me de ouvir contar que, há alguns anos, na publicidade inserida no programa das festas, podia ler-se este anúncio caricato que teve honras de publicação no jornal "OS RIDÌCULOS":
Barbearia Central, junto ao recinto das festas fornece cortes de cabelo, barbas , pirolitos, laranjadas e cervejas; TUDO GELADO.
( Figuras e factos da Terrugem) João Ribeirinho Leal)
Pois é, isto é mesmo para recordar:
Anos houve em que nos dias de festa de Santo António , e para tristeza de todos, sempre morria alguém da terra, mas a festa continuava, apesar da tristeza.
Este ano ironia do destino; coube à própria Festa de Santo António morrer!!!!!
Como diz o autor do texto: os tempos são outros, o Zé Bajanca infelizmente já cá não está, seria obrigatóriamente a Junta de Freguesia a organizar os festejos; mas não; privou assim todos os Terrugenses que estavam um ano inteiro à espera destes dias de boa disposição e convìvio , para receber família e forasteiros de braços abertos.
Isto depois de no ano passado ter inaugurado um parque de festas, pergunto eu para quê????

01 agosto 2006