28 janeiro 2008

Badajoz Elvas

O artigo abaixo explica bem a situação, agora no nosso caso (Elvas / Badajoz) é ainda mais evidente o fosso entre os dois lados da fronteira.

Os Caramelos Espanhóis!

Afrase é do insuspeito presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN), Carlos Laje, e foi proferida a este jornal em Maio do ano passado "O Norte está no seu pior momento". Agora, passado quase um ano, não parece estar melhor.Perante esta evidência, que é suportada nos números e visível no dia-a-dia das pessoas, nem o facto de Carlos Laje liderar uma das melhores e mais qualificadas equipas dirigentes da história da CCDRN nos pode servir de magro contentamento, porque isso por si só não basta - nem bastará nunca, num quadro de mera desconcentração de poderes, sem qualquer autonomia política - para alavancar o desenvolvimento que deixámos de ter, ao ritmo que se desejaria.Basta olhar para o vizinho do lado, para a Galiza, para percebermos que o crescimento e desenvolvimento do Norte nas últimas duas décadas deixam imenso a desejar. Uma comparação que seria pior ainda sem a plena integração portuguesa no espaço político e económico europeu e o correspondente advento dos fundos estruturais, mesmo que estes tenham sido mal aplicados, desbaratados ou desviados para finalidades espúrias.Longe vai o tempo em que a Galiza era uma das regiões mais pobres da Europa e, manifestamente, o "patinho feito" do Estado espanhol. Nessa altura, até o Norte português servia de "El Dorado" para os remediados galegos que o demandavam em busca de uma vida melhor. E nós, os portugueses do Norte, apenas visitávamos a Galiza pelas únicas três coisas que a mais atlântica região de Espanha tinha para nos oferecer um caminho até Santiago para a expiação dos males terrenos; uma excursão até Vigo por causa do inovador "El Corte Inglés"; e os caramelos comprados em Tui, logo ao passar da fronteira, numa espécie de ingénua analogia com Elvas e Badajoz, reflexo de um país triste e atrasado que julgava ser auto-suficiente em quase tudo (e o melhor do Mundo em muitas coisas…), menos nos ditosos caramelos espanhóis.Daí para cá, andámos a divergir, o que quer dizer que a Galiza cresceu a um ritmo mais acelerado do que o Norte de Portugal. Não é por masoquismo, é por necessidade de fazermos alguma coisa contra este estado das coisas, que vale a pena insistir nos dados que nos vão confrontando com a real dimensão do nosso atraso no que diz respeito ao rendimento disponível bruto das famílias ("per capita"), o Norte português encontra-se na cauda de todas as regiões ibéricas, enquanto na Galiza esse mesmo rendimento chega a ser o dobro! Aliás, nem precisamos da muleta da estatística: basta atravessar a fronteira e percebem-se a olho nu as diferenças - acentuadas nos anos mais recentes - entre estas duas regiões historicamente irmanadas.Querem assustar-se com mais alguns números, sobretudo com aqueles que mais directamente percepcionamos, porque nos mexem no bolso? Vamos a isso, que infelizmente eles são aos magotes nos últimos dez anos, a riqueza produzida no Norte (por habitante, em paridade do poder de compra) desceu dos 67% da média comunitária para os 59%. E apesar de a região albergar dois terços dos trabalhadores por conta de outrem, a desqualificação da sua mão-de-obra tem uma relevante consequência prática: em termos médios, segundo dados de 2006, um trabalhador do Norte recebe mensalmente menos 78 euros do que a média nacional e menos 252 euros do que um lisboeta. Se fizermos as contas ao ano inteiro, são menos 1092 e 3528 euros, respectivamente.Há que fazer alguma coisa, e não ficar eternamente à espera que uma solução milagrosa caia do céu - ou que o poder sediado em Lisboa contribua para essa solução. Até porque também existem muitas culpas próprias no estado lastimável a que o Norte chegou.Neste quadro, talvez não fosse má ideia aproveitar o dinamismo insuflado na Universidade do Porto pela equipa liderada pelo reitor Marques dos Santos e, juntando-lhe as universidades públicas de Aveiro e do Minho, eventualmente com o apoio logístico da CCDRN e do INE, criar um grupo que monitorize em permanência a Região Norte nos seus múltiplos aspectos. Um grupo de base académica, prestigiado e politicamente independente, que funcionaria como "lobby" assumido, organizado e transparente para pressionar o Poder Político a entender, de uma vez por todas, que existem problemas nacionais - os problemas que ditam o atraso do país - que só podem ser resolvidos no plano nacional quando forem prioritariamente resolvidos na Região Norte.
Luís Costa escreve no JN, semanalmente, aos sábados

18 janeiro 2008

Fantasma?


A sua imagem continua por aí, as suas práticas também; mas agora: mais requintadas, mais evoluidas, mais proveitosas para quem as pratica.
Portugal Séc.XXI