Com a aproximação do mês de Agosto, era sempre grande a azáfama na aldeia:
As mulheres caivam de branco as casas e os muros dos quintais; as costureiras ( A Maria Fitas, a Balbina, a Maria Manecas e outras) não davam maõs a medir para acabarem, nos dias aprazados, os vestidos para a festa que se aproximava;
Os alfaiates de Borba, de Vila Viçosa, e de Elvas viam-se gregos para aprontarem os fatos que o Escada (vendedor ambulante de fazendas de lã) havia vendido nos últimos meses.
Os festeiros andavam numa roda viva para terem, a tempo e horas, os bois para as touradas, a banda para a animação das festas e, sobretudo, o dinheiro para o pagamento das despesas de organização.
Durante anos e anos, o festeiro foi quase sempre o Zé Bajanca, sapateiro de profissão, que não era muito dado ao trabalho e que conseguia, com os lucros resultantes da realização das festas, alguns cobres que lhe permitiam suportar as despesas domésticas ao longo dos restantes onze meses do ano.
Mas o festeiro era ajudado por muita gente:
As raparigas e os rapazes que enrolavam os bilhetes para a quermesse e depois os vendiam na noite de arraial;
As mulheres que faziam as bandeiras de papel para ornamentação do adro e de algumas ruas;
O Zé do Músico que, invarialvelmente, preparava o adro da igreja com o coreto, a quermesse, as tômbolas e as bandeiras;
A população mais abastada que contribuia com as fogaças que os próprios arrematavam nas noites de arraial;
Os lavradores e seareiros que contribuiam com as suas esmolas em alqueires de trigo;
Os proprietários que emprestavam os carros de parelha e as zorras para se fazer o redondel onde decorriam as touradas;
Os rapazes que , quase sempre com o Mestre Mário à frente, se encarregavam da venda dos bilhetes para o dito espectáculo taurino e depois controlavam as entradas;
O povo anónimo que deitava na "bacia" as esmolas para o Santo António, verba que revertia para o festeiro e não para a igreja, como era de supor;
E, finalmente o abastado lavrador que emprestava os bois para a tourada à vara larga.
A festa começava no Sábado com a chegada da banda de música que vinha quase sempre de Elvas, de Veiros, do Vimieiro ou da vizinha colónia de Vila Fernando.
No Domingo e na Segunda-feira tinham lugar as cerimónias religiosas _ Missa Solene e Procissão em honra de Santo António - touradas e arraiais com fogo preso e de ar.
Mais modernamente, começaram a realizar-se os bailes em recintos fechados, a par de concertos musicais que ficaram apenas para os mais velhos e para os menos endinheirados.
Um dos pontos altos da festa tinha lugar imediatamente a seguir à tourada de segunda-feira - era o apregoar do pendão.
Acompanhado pela banda e por alguns dos seus colaboradores, o festeiro, do úlimo degrau da escadaria do adro da igreja, fazia , perate a população, o balanço dos festejos, agradecia a colaboração e perguntava: Quem quer pegar no pendão de Santo António para fazer a festa para o ano que vem, com mais aumento se puder?
Normalmente não havia candidatos e o amigo Zé Bajanca lá fazia o sacrifício de assegurar a festa por mais um ano.
Organizava-se então uma procissão com o pendão, empunhado pelos novos festeiros, até á residência de um deles, onde era oferecido um beberete.
O dito pendão ficava ali guardado até ao inicio das novas festas.
Outro momento alto era a tourada à vara larga.
Quando o gado era manso, a populaça exclamava em grande algazarra:
Venha o dono que também se agarra!
Mas se pelo contrário, o lavrador emprestava touros realmente bravos, havia feridos por tudo quanto era sitio, nem o ratadas de Vila Boim era capaz de os agarrar e todos refilavam que a corrida não prestara.... "porque não tnha havisto pega nenhuma"
No rescaldo dos festejos havia sempre uma almoçarada para o festeiro e colaboradores mais chagados e, quase invariavelmente, surgia o lamento de que o dinheiro nem sequer dera para as despesas....
Hoje em dia é diferente: há comissões de festas, na dependência da autarquia ou paróquia, e os lucros, bastante apreciáveis, revertem a favor da igreja ou de obras de beneficência.
Mas o progresso nem sempre é sinónimo de eficácia
Lembro-me de ouvir contar que, há alguns anos, na publicidade inserida no programa das festas, podia ler-se este anúncio caricato que teve honras de publicação no jornal "OS RIDÌCULOS":
Barbearia Central, junto ao recinto das festas fornece cortes de cabelo, barbas , pirolitos, laranjadas e cervejas; TUDO GELADO.
( Figuras e factos da Terrugem) João Ribeirinho Leal)
As mulheres caivam de branco as casas e os muros dos quintais; as costureiras ( A Maria Fitas, a Balbina, a Maria Manecas e outras) não davam maõs a medir para acabarem, nos dias aprazados, os vestidos para a festa que se aproximava;
Os alfaiates de Borba, de Vila Viçosa, e de Elvas viam-se gregos para aprontarem os fatos que o Escada (vendedor ambulante de fazendas de lã) havia vendido nos últimos meses.
Os festeiros andavam numa roda viva para terem, a tempo e horas, os bois para as touradas, a banda para a animação das festas e, sobretudo, o dinheiro para o pagamento das despesas de organização.
Durante anos e anos, o festeiro foi quase sempre o Zé Bajanca, sapateiro de profissão, que não era muito dado ao trabalho e que conseguia, com os lucros resultantes da realização das festas, alguns cobres que lhe permitiam suportar as despesas domésticas ao longo dos restantes onze meses do ano.
Mas o festeiro era ajudado por muita gente:
As raparigas e os rapazes que enrolavam os bilhetes para a quermesse e depois os vendiam na noite de arraial;
As mulheres que faziam as bandeiras de papel para ornamentação do adro e de algumas ruas;
O Zé do Músico que, invarialvelmente, preparava o adro da igreja com o coreto, a quermesse, as tômbolas e as bandeiras;
A população mais abastada que contribuia com as fogaças que os próprios arrematavam nas noites de arraial;
Os lavradores e seareiros que contribuiam com as suas esmolas em alqueires de trigo;
Os proprietários que emprestavam os carros de parelha e as zorras para se fazer o redondel onde decorriam as touradas;
Os rapazes que , quase sempre com o Mestre Mário à frente, se encarregavam da venda dos bilhetes para o dito espectáculo taurino e depois controlavam as entradas;
O povo anónimo que deitava na "bacia" as esmolas para o Santo António, verba que revertia para o festeiro e não para a igreja, como era de supor;
E, finalmente o abastado lavrador que emprestava os bois para a tourada à vara larga.
A festa começava no Sábado com a chegada da banda de música que vinha quase sempre de Elvas, de Veiros, do Vimieiro ou da vizinha colónia de Vila Fernando.
No Domingo e na Segunda-feira tinham lugar as cerimónias religiosas _ Missa Solene e Procissão em honra de Santo António - touradas e arraiais com fogo preso e de ar.
Mais modernamente, começaram a realizar-se os bailes em recintos fechados, a par de concertos musicais que ficaram apenas para os mais velhos e para os menos endinheirados.
Um dos pontos altos da festa tinha lugar imediatamente a seguir à tourada de segunda-feira - era o apregoar do pendão.
Acompanhado pela banda e por alguns dos seus colaboradores, o festeiro, do úlimo degrau da escadaria do adro da igreja, fazia , perate a população, o balanço dos festejos, agradecia a colaboração e perguntava: Quem quer pegar no pendão de Santo António para fazer a festa para o ano que vem, com mais aumento se puder?
Normalmente não havia candidatos e o amigo Zé Bajanca lá fazia o sacrifício de assegurar a festa por mais um ano.
Organizava-se então uma procissão com o pendão, empunhado pelos novos festeiros, até á residência de um deles, onde era oferecido um beberete.
O dito pendão ficava ali guardado até ao inicio das novas festas.
Outro momento alto era a tourada à vara larga.
Quando o gado era manso, a populaça exclamava em grande algazarra:
Venha o dono que também se agarra!
Mas se pelo contrário, o lavrador emprestava touros realmente bravos, havia feridos por tudo quanto era sitio, nem o ratadas de Vila Boim era capaz de os agarrar e todos refilavam que a corrida não prestara.... "porque não tnha havisto pega nenhuma"
No rescaldo dos festejos havia sempre uma almoçarada para o festeiro e colaboradores mais chagados e, quase invariavelmente, surgia o lamento de que o dinheiro nem sequer dera para as despesas....
Hoje em dia é diferente: há comissões de festas, na dependência da autarquia ou paróquia, e os lucros, bastante apreciáveis, revertem a favor da igreja ou de obras de beneficência.
Mas o progresso nem sempre é sinónimo de eficácia
Lembro-me de ouvir contar que, há alguns anos, na publicidade inserida no programa das festas, podia ler-se este anúncio caricato que teve honras de publicação no jornal "OS RIDÌCULOS":
Barbearia Central, junto ao recinto das festas fornece cortes de cabelo, barbas , pirolitos, laranjadas e cervejas; TUDO GELADO.
( Figuras e factos da Terrugem) João Ribeirinho Leal)
Pois é; este ano voltamos novamente a ter festas, e queremos assim dar os parabéns a quem as organiza de forma desprendida e sem qualquer tipo de contrapartida, sem ser o muito trabalho, de muitos e muitos dias e ainda nos próprios dias de festa (Aqui ainda mais trabalho) além de abdicar do tempo que poderia dedicar à família e amigos, para assim poderem oferecer 4 dias de puro divertimento à população e forasteiros. Um cartaz que junta tradição e inovação, que julgamos ser do melhor.Parabéns e que tudo corra da melhor forma possível.