23 julho 2006

Monsaraz Museu Aberto 2006

Táva calor que "estalava" e lá fomos nós mais uma vez rumo a Monsaraz Museu Aberto, desta vez resolvemos não ir direito a Reguengos e arriscar novo caminho, uns Km a seguir a Terena, vira-se à esquerda e vai-se em direção a Monsaraz passando por Cabeça de Carneiro e Seixo (Aldeia completamente desabitada) a estrada é boa e poupam-se uns 20 km do que se fosse-mos por Reguengos , isto quem vai pelo sentido do Alandroal.
Chegando a Monsaraz a paz é total, a paisagem como sempre é deslumbrante, é um renovar da alma, desta alma Alentejana. Este ano o Museu Aberto tem como lema, "Nunca ouvi um Alentejano a cantar sozinho" (José Gomes Ferreira) e Cultura Popular e Tradição Oral.
Cerimónia de abertura pelo Grupo Coral de Monsaraz, com mais de quarenta graus, surgem ao ouvir cantar estes homens os primeiros arrepios de frio, e cái sempre uma lagriminha...
O tempo passa a correr e em paz, falámos com uma Sra Holandesa que é proprietária da Fábrica Alentejana de Lanifícios, que faz as tradicionais mantas Alentejanas, e simpáticamente me ofereceu um cartaz publicitário antigo desta fábrica, os estrangeiros a tratarem e bem das nossas raizes.Ouvimos om ensaio do Janita e Vitorino (Que dizia estar cheio que nem um padre do almoço: sopas tomates e farinheira frita, à valente) Petiscou-se no Restaurante Santiago, e de que maneira, se por lá passarem podem esperimentar é de confiança. Com o cair da noite Vitorino e Janita cantaram e encantaram, são realmente uns Alentejanos e cantores fascinantes, a voz do Janita, é uma orquestra completa, não se sente a falta de instrumentos.A seguir ao concerto vimos no varandim da cisterna o documentário: " Polifonias - Paci é saluta Michel Giacometti" ( esse grande homem que fez o registro das nossas raizes , cantares e costumes do antigamente, mais um estrangeiro a tratar e bem de nós )"Um filme a várias vozes que em homenagem a Michel Giacometti vai ao encontro de culturas populares no passado e no presente, no Alentejo e na Córsega para testemunhar as trocas e partilhas onde ninguém perde a sua identidade nem as suas raízes, mas antes as reanima no contacto com o outro" Um documentário muito forte, e sentido; há uma Senhora Alentejana que fala sobre o sofrimento de trabalhar de sol a sol debaixo do calor queimante deste Alentejo: " O calor era tanto que não se sentia onde o coração batia se nos pés se na cabeça ou nos braços, encalmados muitos desmaiavam, perante o barulho das foices e da palha; lembrava-se então alguém de começar a cantar , para animar , para levantar moral, surgiu então assim o cante mais puro e sentido do Mundo: O cante Alentejano.
Abalando de Monsaraz , fica a imagem da capela que está em ruínas lá no alto , agora iluminada e de onde sái fumo branco: talvez o fumo de um lume , que apesar de todas as contrariedades, jamais se irá apagar, juntos vamos mante-lo aceso para sempre.
Se puderem vão a Monsaraz até dia 30 de Julho e aproveitem , tragam de lá um punhado de alma, um punhado de Alentejo, e espalhem pelo mundo todo!!!