29 outubro 2007

Maior mercado Antiguidades do Alentejo em crise. Estremoz


Maior feira de antiguidades do Alentejo atravessa tempos de crise
A maior feira de antiguidades e velharias do Alentejo é montada todos os fins-de-semana em Estremoz, num negócio que envolve peças raras e valiosas, mas que vive dias de crise, apesar de atrair muitos curiosos.
"O negócio está em crise", garantiu à agência Lusa António Oliveira, comerciante de Évora, que faz habitualmente a feira de Estremoz, a quase 50 quilómetros de distância.
Embora observando um grande número de visitantes, lamentou que a maioria ande "só a passear".
As mesmas queixas são partilhadas por outros comerciantes, que alegam estar o "negócio fraco" desde há algum tempo, embora reconhecendo tratar-se da principal feira do Alentejo, nesta área, e uma das "boas" do país, com muitos visitantes, mas a maioria apenas vê e não compra.
José Teles, vendedor de Redondo, também reconheceu que "o negócio já teve dias melhores", embora admitindo que, mesmo assim, "vai dando, mas pouco", enquanto outra comerciante, Albertina Inácio, de Loures, considerou que "os portugueses querem comprar, mas não têm dinheiro".
Mobiliário, cerâmica, faianças, porcelanas, cobres, arte sacra, livros, discos, moedas, postais, selos, utensílios agrícolas antigos e uma vasta gama de velharias são alguns dos objectos exibidos nas diferentes bancas, que constituem um atractivo para os apreciadores e coleccionadores.
Montado nas manhãs de sábado, no centro da cidade de Estremoz, ao ar livre, o certame atrai habitualmente, desde há alguns anos, dezenas de comerciantes portugueses e espanhóis, mas também turistas e gente interessada de outros países.
A feira funciona numa das alamedas do Rossio Marquês de Pombal, a principal praça da cidade e uma das maiores do país, em simultâneo com o típico mercado semanal de sábado, que decorre também ao ar livre.
Além dos visitantes portugueses, sobretudo provenientes das vizinhas localidades alentejanas, observam-se com frequência espanhóis interessados nas antiguidades e velharias, assim como comerciantes oriundos da região da Extremadura espanhola.
Juan Hereda, espanhol, de Badajoz, coleccionador de antiguidades, que visita todos os sábados a feira, considerou o certame "excepcional", enquanto o holandês Den Hartogh, que tem casa de férias na região, aprecia antiguidades, gosta "muito" da feira e "compra peças de vez em quando".
Muitas pessoas, sobretudo residentes na Grande Lisboa, que têm montes alentejanos, também recorrem a estes comerciantes para comprar os móveis e objectos que necessitam para decorar as casas, assim como para as unidades de turismo rural.
Apreciador de "coisas antigas", José Saianda, de Lisboa, que tem um monte próximo de Avis (Portalegre), disse à Lusa que costuma visitar a feira e comprar ferramentas para o monte.
Os comerciantes exibem peças que retratam a vida de tempos passados, como utensílios caseiros e adornos.
Também é frequente o negócio entre os próprios comerciantes, no sentido de satisfazer pedidos de clientes.
O alemão Nikolaus Dollman, que vive em Albufeira e fundou a revista "Feiras de Velharias", a única do sector que se editou em Portugal, até 2005, disse que visita o certame de Estremoz, duas vezes por mês, para comprar peças.
Nikolaus Dollman, coleccionador de azulejos antigos, que organiza feiras de antiguidades no seu país, montou banca este fim-de-semana, pela primeira vez, na feira da cidade alentejana, para vender, sobretudo, artigos relacionados com as suas colecções.
Por seu turno, Vanusa Silva, que nasceu no Brasil e vive na região de Óbidos, vem com frequência vender antiguidades a Estremoz e assegura que "a deslocação compensa".
"É uma feira interessante, que tem todo o tipo de antiguidades e velharias, e os visitantes apreciadores gostam desta variedade de oferta, mas é pena ser muito curta", referiu.
Vanusa Silva trabalha com o marido, que é português, e ambos estiveram radicados 32 anos em Colónia, na Alemanha, onde tinham um restaurante de comida portuguesa.
Começaram como coleccionadores e depois passaram a dedicar-se ao negócio das antiguidades e velharias.
O comerciante António Fonseca, da Guarda, que vende na feira de Estremoz uma vez por mês, realçou que o certame tem "a particularidade de ser um dos poucos do país que decorre todos os fins-de-semana".
Alguns comerciantes reconheceram que o local da feira é o melhor para este efeito, mas queixaram-se da lama nos dias de chuva e da poeirada quando há vento.
Na região realizam-se também feiras de antiguidades e velharias em Évora, Redondo, Monsaraz, Vendas Novas e Elvas.
Em Badajoz (Espanha), decorre um certame idêntico no primeiro sábado de cada mês e alguns comerciantes portugueses vendem também naquele certame.
A 12 quilómetros de Estremoz, na vila de Borba, há 16 estabelecimentos que se dedicam ao negócio das antiguidades, a maioria na Rua de S. Bartolomeu, à entrada da localidade, para quem se desloca de Lisboa.
TCA.
Lusa/Fim